
Aos vinte e poucos anos, quando lucubrava a hipótese de ter filhos sabia exatamente como seriam e como iria educá-los. Falariam corretamente – sem nhém, nhém, nhém, brincariam apenas com brinquedos pedagógicos, nada de lutas e batalhas na televisão, muito menos Xuxas, Elianes e afins.
Aos trinta, a constatação da realidade: fui vencida por crianças de três anos de idade. O meu filho não queria mais brincar com os brinquedinhos dele (lego, quebra-cabeça, joguinhos, carrinhos), só com os brinquedos dos amiguinhos da escola. E começou a me contar que os coleguinhas não emprestavam seus brinquedos e que não gostava dos amigos.
Como esse era um assunto constante para ele, resolvi bater um papo com a professora para saber o que estava acontecendo. Logo ao chegar na escola, dei de cara com um coleguinha de sala com a máscara do Batman. Achei um horror e que não era coisa para a idade dele, mas voltei a me focar na questão que me levara até ali!
Da conversa com a professora, descobri que todos outros coleguinhas levavam para a escola brinquedos nem um pouco pedagógicos: bonecos de luta, monstros, máscaras, relógios de personagens de desenho do Cartoon, não do Discovery Kids! Surtei!!! Imagina se iria permitir que isso acontecesse com o Paulo Henrique?! Saí da escola contrariada...

Então, depois de me debater, puxar meus cabelos, falar sem parar sobre o assunto, polemizar com a família, fazer terapia em grupo, fui para o shopping e comprei relógio e bonecos do Ben 10, Bonecos do Max Stell, Transformers, Power Rangers e claro, quebra-cabeça!
Tive que me render os pequenos para que o meu filho não ficasse excluído das brincadeiras. E não é que já surtiu efeito?! A conversa do Paulo Henrique agora é que os coleguinhas emprestam seus brinquedos para ele e que também pedem emprestado. O pequenino foi reintroduzido ao grupo. O que não poderia imaginar era que o consumismo começaria tão cedo para o meu filhote e de uma forma assim: na pressão! Onde estão os pais dos brinquedos pedagógicos? Nem eu mesma sei mais...